CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

domingo, 23 de novembro de 2008

A minha velha mania de não te engolir

Você vai embora aos pouquinhos, tão devagarzinho que eu nem percebo. Cada dia vai um pouquinho para mais longe, cada dia sua insignificância aparece um pouquinho mais, cada dia os cheiros, os gostos, as lembranças perdem um pouquinho mais da importância que um dia, não muito distante, tiveram. Ver você ir embora é como tirar sangue: eu sei que não vai doer, que vai incomodar só na hora, mas eu insisto em me contorcer, em fechar os olhos na esperança daquilo sumir, em enrijecer todos meus músculos (inclusive o coração) e só conseguir que aquela dor, que seria momentânea, se torne algo insuportável. Não é interessante a idéia de ver algo tão vital ser retirado de mim sem a minha autorização, mas não é algo tão horrorosso assim. É natural. Tiraram o meu sangue, assim como me tiraram você, mas eu continuo aqui. Não existem marcas, não existe nada que explicite a sua ausência, a não ser a minha mente massoquista e artística que a todo o momento "re-mastiga" o que já deveria ter sido digerido. Eu fico aqui, no meu cantinho, na companhia de tudo aquilo que você não quis e isso já não doi mais. Me acostumei em ter que transformar meus olhos em binóculos, assim como tinha me acostumado em transformá-los em queima de fogos quando te via. Chorei, lutei, esperniei como uma criança faz quando não tem seus pedidos atendidos, mas assim como ela, fui vencida pelo cansaço, fui vencida pelo sono e quando acordei alguém já tinha levado o meu brinquedo tão desejado para longe. Porém, as lojas não perdem tempo, me oferecem milhares de modelos iguais ao que eu perdi e até alguns super lançamentos. Mas esquecem que eu sou uma criança. Eu quero o meu brinquedo antigo, mesmo que não em sirva mais, só para não ter aquela sensação de vazio, de perda. Eu quero ter você aqui só para pôr na minha estante, só para não me sentir tão abandonada, tão desprotegida, mesmo que com ou sem você, eu seja a mesma vulnerável de sempre. Doeu, mas não doi mais. Ou melhor, doi às vezes, mas é mais poético dizer que doi sempre. É mais poético dizer que o amor abandonado espera para sempre. É menos frustrante dizer que tudo aquilo que um dia foi dito ou feito não se perdeu no tempo, mesmo que até nós mesmos tenhamos nos perdido no meio dessa confusão toda. Mas tudo bem, eu me acho aqui, no meio de tantas coisas que no fundo, me lembram você. Me acho na melodia das músicas, no telão das minhas lembranças, nos cheiros dos perfumes, na contagem dos dias. Eu me sinto bem no meio disso tudo, sem dar um passo se quer para trás. Sei bem sobre nossos respectivos lugares. O meu lugar é aqui, envocando o seu espírito todas vezes que eu precisar de algo que preencha esse vazio que você deixou, que me dê inpiração para eternizar tantas sensações, e o seu, é do outro lado da rua, com outras pessoas, ao lado de, quem sabe, outra garota mas sempre com essa cara de quem sabe que poderia ter sido mais. Você poderia ter sido mais não só para mim, você poderia ter sido mais para si mesmo.

Beijos :*

domingo, 16 de novembro de 2008

Dez minutos

Eu não te esqueço porque você mandou eu te esquecer e eu me recuso a fazer tudo que você quer de novo. Me recuso a abaixar a cabeça, me recuso a ser obediente. Eu gosto da nossa história desse jeito. Eu gosto que ela tenha muitos "porém's", muitos "se's" e muitas coisas mal resolvidas, porque assim, a gente ainda se mantém ligado de alguma forma e eu não sou obrigada a agir como se fosse sua amiguinha. Amiguinha agarra amiguinho? Não, né? Que péssima amiga eu seria para você! Eu gosto de você não ser indiferente a minha presença, mesmo que para isso, algumas vezes, eu tenha que combater a revolta de todas as coisinhas mal resolvidas aqui dentro de mim. Mas eu consigo, eu sou capaz! Eu venço uma a uma, diariamente. Venço as lembranças, venço os cheiros, venço os gostos, venço as pessoas, venço tudo relativo a você e assim, consigo viver. Consigo estampar um sorriso, consigo cumprir minhas obrigações, consigo esquecer que você existe por alguns momentos e consigo até amar por meia hora outros homens por aí. Eu não quero saber nome, eu não quero saber idade, eu não quero saber como é o rosto, muito menos o número do telefone. Eu quero só que ele faça direitinho para quem sabe eu perceber que o melhor beijo e o melhor abraço não são os seus. Eu não quero andar de mãos dadas, eu não quero ver filme abraçadinha, eu não quero nenhum programinha de casal. Eu não quero depender de toda essa porcaria que no fundo não é minha. Pertece a outra pessoa que um dia vai embora e leva tudo junto, me deixando aqui, parada, acabada, com um mundo inteiro ainda para enfrentar. Mas eu não resisto, meu extinto é mais forte e eu acabo sabendo o nome, a idade e até o número do telefone. Você não gostava de mim, nem eu de você. Pronto. Estava com você só para satisfazer essa minha necessidade imbecil de me entregar, de gostar, de viver um conto de fadas com data de validade. Eu sou assim, eu gosto de sofrer. Eu gosto de remoer, eu gosto de catucar a ferida até ela sangrar, só para eu não parar de vomitar no papel todas as coisas que você implantou dentro de mim mas que não tiveram tempo de crescer, nem de gerarem frutos sadios. Só esses com veneno mesmo, que percorrem cada milímetro cúbico do meu sangue quando eu vejo algo relativo a você e vão me matando aos pouquinhos, vão me enfraquecendo devagar, só para dar tempo de eu sobreviver e sofrer outras vezes a sua ausência. Às vezes a menina ingênua volta e escreve com lágrimas nos olhos muitas coisas para você, pensa em te procurar, pensa até em te agarrar de novo só para você não ter saída. Afinal, ela teme mais um não. Ela é sua serva, ela é totalmente dependente de você. Mas aí a mulher decidida chega e te manda para puta que pariu! Ah, ela mandou um recado: FALA NA CARA, SEU BOSTA! Pronto, a mulher decidida vai embora e junto vai toda a minha pseudo-aceitação do nosso fim. Não tem mais mulher decidida, nem menina inocente, é só a Caroline mesmo. Aquela Caroline que ficava pequenininha nos seus braços, aquela Caroline que toda hora te lembrava do quanto você era especial, aquela Caroline que mal se aguentava em pé na primeira vez que ficou com você. É só ela, é só ela que está aqui escrevendo. Sem máscaras, sem escudos, sem armas. Ela está aqui, nua, como você nunca viu. Ela só quer respirar um pouco fora de toda essa confusão que você fez, por isso ela escreve tantas coisas um tanto quanto sem sentidos. Ela já nem quer mais que você volte, mas lembra quase todos os dias de você indo embora. Vamos ser sinceros? Nem ela se entende. Ela só se entendia com você. Ela só entendia que esperou a vida inteira para sentir o que sentia respirando bem perto da sua nuca, ela só entendia que o lugar dela era ao seu lado. Fora isso, ela não entende mais nada, principalmente que ela tem que se acostumar com a idéia de que tudo que ela entendia, ela entendia errado. Não é fácil ser a Caroline. Não é fácil te querer tão profundamente por dez minutos e depois ver você se transformando em fumaça, se desperçando no ar, indo embora tantas vezes mais.

Beijos :*

sábado, 8 de novembro de 2008

O sem sentido com mais sentido possível

Todo dia, sem que você se quer perceba, eu tento te machucar. Eu escuto tantas músicas tentando encontrar nelas aquelas frases inteligentes e me convencer de que eu sou areia demais para o seu caminhãozinho de plástico, eu lembro de tudo que você me dizia e fazia e digo a mim mesma o quanto você é criança, bobo e ridículo, eu conto para as pessoas tantas coisas sobre você porque eu tenho uma necessidade muito grande de queimar o seu filme, de fazer você me odiar, de tentar te machucar nem que seja um pouco. Mas sabe, eu só quero queimar o seu filme para nenhuma conhecida minha querer você e eu não ser obrigada a falar com você como se não estivesse me importando, eu só quero que você me odeie, eu só quero te machucar porque é a minha forma de dizer: "Ei! Olha para mim! Eu estou aqui, cara! Estou aqui no mesmo lugar em que você me deixou!". Eu não gosto de gostar de você dessa forma estranha porque no fundo eu não quero nada disso, no fundo eu quero que você fique bem, mas ver você bem, doi bem mais em mim do que simplesmente ver você. Eu não queria gostar assim, com essa necessidade tão grande de te machucar, na real eu tenho medo de te machucar, mas eu quero tanto ver você sofrer, eu quero tanto que você implore minhas desculpas, que todo dia eu tento. Mesmo tentando de uma forma que eu sei que não vai te machucar. É como querer te dar uma surra e fazer isso com as minhas próprias e fracas mãos. Te querer assim me faz muito mal, até porque eu nem sei se eu ainda te quero. Acho que vou me rasgar, acho que vou explodir. Você não faz idéia de como é angustiante brincar de adivinha comigo mesma só para tentar descobrir onde você foi, como é angustiante ver você se divertir com seus amigos, como é angustiante querer te encontrar toda hora só para você ver o quanto eu sou linda, legal, divertida e ao mesmo tempo andar me escondendo por saber que você vai ser indiferente e isso vai me deixar mal depois, como tantas vezes me deixou. É angustiante ver as meninas que você já ficou. Que inveja eu tenho delas! Elas foram escolhidas, você desejou estar com cada uma delas. E eu? Eu que te escolhi, eu que desejei estar com você. A propósito, a primeira providência que eu tomei quando você me deixou foi cortar o meu pau. Não quero mais ser o homem da relação. Você nem é mais tudo isso, eu já nem tremo todas as vezes que te vejo, eu já consigo me divertir e não ter vontade de chorar a sua ausência, mas toda vez que algo qualquer me deprime eu penso em você só para conseguir chorar aquele choro longo e profundo por você. Aquele choro que parece que vai te deixar desidratada. Acho que sou maluca. Eu adoro sofrer por você. Mesmo que na sua concepção "eu e você" não exista mais, aqui dentro de mim, eu vivo como se ainda vivessemos juntos porque sempre achei muito triste ver as pessoas indo embora. Mesmo tendo visto você virando aquela esquina para nunca mais voltar, eu acho muito mórbido simplesmente te esquecer como se nada tivesse acontecido. Mas não, eu não acho mórbido querer te machucar. Eu quero te machucar só para, quem sabe, você depender de mim e eu poder te abraçar de novo, te proteger do mundo, te colocar no meu colo e te dizer: "Tá vendo? Sou eu quem gosta de você de verdade, é comigo que você vai ser feliz!", mesmo achando que não poderia cumprir isso. Eu queria tanto te abraçar e dizer que sinto a sua falta de novo, só pra você segurar o meu rosto e me dar aquele beijo novamente, mas talvez eu aproveitaria a oportunidade para te dar um chute no saco e fazer você cair gemendo de dor. Viu como doi, desgraçado? E foi só um chute no saco, imagina se eu tirasse algo muito mais vital de você do que esse seu brinquedinho que eu nem sei se você usa? Eu queria te agarrar, eu queria te jogar na minha cama, eu queria te beijar até tirar o seu ar, só para ter o prazer de quando você estivesse bem empolgadinho, levantar e ir embora, sem nem ao menos olhar para trás. Igualzinho como você fez: ir embora e nem olhar na sua cara. Eu tento toda a hora fazer você me notar, fazer você me olhar, mas de verdade, eu não queria que você me notasse e nem me olhasse. Eu não queria nutrir mais esse sentimento estranho por você, mas não dá, é mais forte do que eu. Eu queria tanto pegar um amiguinho seu de jeito, eu queria tanto que ele ficasse de quatro por mim, eu queria tanto que ele falasse sobre o quanto eu sou maravilhosa durante milhões de horas para você, mas eu não o faria, porque não quero você tenha de mim uma imagem diferente do que a da menina que presta. Não queria não prestar com o seu amigo, eu queria não prestar com você e dessa vez nem seria no sentido de te machucar. Sofre um pouquinho por mim vai, só um pouquinho. Diz que seu mundo anda meio sem graça, tipo o meu quando você foi. Diz? Agora que você está sofrendo bastante, esquece tudo que eu disse. Eu não quero que você sofra. Vamos fazer um acordo? Eu acabo com o seu sofrimento e você me dá um beijo de acabar comigo. Acaba com essa vontade que eu tenho te de machucar, é só você voltar atrás. Juro que se for agora, eu corto as correções, os juros e nem faço doce. Eu gosto tanto de você ainda que chego até a te odiar. Te odeio porque é mais fácil não gostar daquilo que não se pode ter, é mais cômodo e eu adoro me acomodar. Adoro manipular as situações para vantagem própria, assim como querer acabar com a sua dor, esconde no fundo a vantagem de ter você de novo. Mas você não sofre. Mas você não quer fazer um acordo. Mas eu nem sei se gosto mais de você, afinal, eu adoro me acomodar. Mas sei lá, eu gosto desse joguinho de "olha ou não olha", "disfarça ou não disfarça", "subentendido ou claro". Eu gosto de te odiar, só porque não gostar de alguém, não ter inspiração para escrever frases legais, não ter em quem pensar nas músicas, filmes e situações românticas, é muito mais triste.

Beijoca :*

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sem tesão não dá

Incrível essa capacidade que eu tenho de transformar até a ida para um barzinho com os amigos em motivo de textos. Juro que eu não gosto de ser assim, juro que eu não gosto de dentro da minha mente analizar tantas coisas aparentemente banais, juro que não gosto de não conseguir relaxar e aproveitar, como dizem, cem por cento de tudo que eu faço, mas eu sou assim né? Acho que me aceitar já é uma página virada. Eu vi tantos casais hoje, vi tantas pessoas conhecidas (até aquelas que eu daria tudo para não ver) acompanhadas, vi tantas pessoas se atracando como animais .. Enfim, vi tantas pessoas felizes, de acordo com suas respectivas concepções de felicidade, com outras pessoas que tenho que admitir: me deu uma pontinha de inveja. Mesmo que não seja por necessidade e sim por opção, foi meio triste ter consciência de que eu estava lá sozinha. Tudo bem, eu não estava infeliz, muito pelo contrário, mas me senti um pouco triste. Quando minha cabeça já estava girando e trabalhando para acabar com a minha noite, quando meu ânimo estava chegando ao nível zero e quando meus olhos começaram a arder, eu lembrei dos motivos que me levaram a aquela situação. Eu já tive algum tipo de relacionamento, mesmo um "oi, seu cabelo é bonito" e partir para o abraço, com garotos MA-RA-VI-LHO-SOS! Daqueles que você olha e diz: "Uau! Que gato!", mas confesso que nem tinha graça ficar com eles. Tá, assumo! Eu já tive algum tipo de relacionamento, mesmo um "oi, seu cabelo é bonito" e partir para o abraço, com garotos muito feios também. Feios e sem graças, o cúmulo dos cúmulos. Se você é feio, por favor, ou tenha charme, ou seja legal. Pode ser os dois também. Já fiquei ao lado de alguém por me sentir na obrigação com os sentimentos da outra pessoa, já fiquei só para fazer lista, já fiquei porque a pessoa era legalzinha, já fiquei porque me senti na pressão de, já fiquei por carência. Em todas essas vezes e outras que fatalmente me fogem da memória agora, eu me senti o mais horrível monstro do mundo! O que de fato acontece é que sem tesão não dá! Nada dá! Em todos os sentidos, de verdade. Nos relacionamentos, na vida profissional ou escolar, na vida pessoal sei lá. Tesão, por favor! Tesão não está ligado a um rostinho bonito, a uma roupa legal, a um papo interessante, muito menos a piedade, tesão é um conjunto, um aglomerado. Confesso, como tantas vezes já o fiz, que os garotos que tiraram o meu chão não tinham o padrão de beleza. Mas eles tinham charme. Alguma coisa mágica quando eu os encontrava, o coração desesperado, a cabeça girando, o jeito de falar ou andar, o sorriso tímido ou escrachado, o jeito de me tratar, o jeito de se ajeitar, os assuntos certos nas horas certas, ter a capacidade de me fazer rir principalmente com coisas meio retardadas, a vontade de colocá-los dentro de mim e protegê-los de todo o resto do mundo, o desejo de agarrar e nunca mais soltar, de estar junto o mais próximo possível, enfim, sentia o famoso tesão em ficar com eles. Alguma coisa diferente neles fazia eu ficar doidinha. Essas pessoas modernas aí estam com essa moda de ferormônios agora, mas eu continuo votando no tesão. Já passei da fase de me contentar com dois beijinhos e um tchau, mereço mais. Não vejo mais graça em ficar por ser bonito, para fazer lista ou qualquer outro motivo idiota como estes, agora só com tesão. Não é necessariamente gostar, mesmo que esteje interligado, mas sim ter aquele frio que percorre todo o corpo, aquele enjoo, aquela tremedeira, aquela sensação de que o mundo diminuiu. Não acho que ficar por ficar seja errado, e nem vou cruzificar quem o faz porque eu adoro me trair, mas é uma coisa que eu evito a todo o custo agora. Não virei lésbica, não sou retardada, nem estou encalhada, muito pelo contrário, depois disso recebi muito mais valor. Apenas penso que não me sentiria bem em estar abraçada naquele bar com um "Zé Ninguém", penso que contaria os segundos para ir embora e pensaria zilhões de vezes se aquilo realmente estava me fazendo bem. Creio que as pessoas podem não se interessar a primeira vista mas começar um relacionamento sem o mínimo de tesão é pedir para não ir a frente. Não consigo e nem quero. Mas eu pago um preço caro por isso. Eu me apego demais, alguma vezes me sinto carente, na maioria das vezes fico de vela e demoro para desencanar de alguém, porém tudo isso é compensado por aquele beijo realmente esperado. Voltei a mim naquela mesa de bar, um pouco incomodada ainda, mas consciente da minha opção de vida. Eu sei que você existe. Eu sei que o homem que vai realmente me tirar do sério, que vai ser compatível com o que tem que ser compatível em mim, que vai bater de frente comigo só porque ser feliz toda hora cansa, que vai me dar os beijos mais gostosos, que vai fazer com que eu não saiba diferenciar o céu dos seus braços existe. Sei que ele não vai aparecer se eu não me permitir, mas sei também que ele não vai aparecer em meio ao meu desespero. A única coisa que eu sei e posso dizer enquanto ele não vem é que sem tesão não dá.

Beijos com sono :*

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Seu modelo, meu molde

Eu queria escrever tantas coisas, mas acho que por querer escrever tanto, eu não consigo escrever nada. Assim como alguém que quer fazer tudo de uma vez e no final não faz nada direito, eu quero escrever sobre tantos sentimentos juntos que eles acabam se misturando e o que já era difícil de ser explicado, se torna inlegível. Eu queria abraçar o mundo de uma só vez, eu queria viver todas as emoções que o destino guarda para mim, eu queria gritar até perder a voz, mas posso me contentar, pelo menos por enquanto, em ficar só aqui escrevendo. Eu queria alguma coisa que me tirasse do sério só pra eu tirar de mim essa necessidade de relacionar tudo que é bom a você, e tudo que é ruim a sua ausência. Eu não queria imaginar o quanto é divertido ficar com você, o quanto é legal ver a sua relação com seus amigos, o quanto seria lindo e quantas coisas lindas poderíamos fazer juntos porque tendo motivos pra te odiar, fica mais fácil não te venerar tanto. Eu não sou tão forte quanto pareço e aposto que você sabe disso também, pois se não soubesse, não faria tantas coisas com a certeza de que eu voltaria atrás. Safado. Pronto, bem mais fácil desacelerar meu coração agora. Eu não queria, juro, dedicar tantos textos ao homem que me deu um "pé-na-bunda". Porque não assumir? Infelizmente para você, foi o seu pé na bunda que me empurrou para estar aqui, conseguindo pela primeira vez extravassar o que eu sinto sem gritar, sem chorar desesperadamente, sem chutar mesas. Apenas, escrevendo. Eu não queria acumular todo mês meses sem você, eu não queria perder o interesse por coisas superficiais só porque você me ensinou o que é intenso de verdade, só porque você me ensinou que o que na verdade eu esperei toda a minha vida não foi ser independente, mas sim, depender tanto de gostar tanto assim de alguém. Eu não queria ignorar a gente, mas pensando bem, ignorar a gente é uma forma de ignorar o quanto você me abala e isso faz com que, mesmo só por um momento, você não me abale tanto. Acho que de tanto brincar de esconde-esconde com a verdade, eu não consigo mais encontrá-la e você, de fato, vai começando a não significar nada. Volto ao ponto de partida, volto a me acomodar com a realidade e assim, tiro de mim a marca mais significativa que tinha de você. Com você eu arrisquei, com você eu me desacomodei. Deito em minha cama e fico olhando, quase em estado amebal, para o meu teto rosa. Muito mais fácil me cobrir até a cabeça do que virar para você e falar: "Oi, tudo bem?". Simplesmente espero passar, mesmo que demore. Afinal, quando passar, vai passar a vontade de te falar "Oi, tudo bem?" também. E assim, mais uma vez, eu passo um corretivozinho na verdade e ela não parece tão feia e angustiante. Hoje eu adormeci na mesa da escola, mas foi um sono bem levinho, pois sonos profundos eu só tinha quando sabia que mesmo acordada eu iria poder te encontrar em algum lugar diferente dos meus sonhos. Hoje eu adormeci e quando dei por mim, percebi o meu riso bobinho só por estar pensando em você e ignorando o nosso fim. O mundo então, ficou muito mais colorido. Muito mais até do que quando eu deitei e fiquei olhando o meu teto rosa, os meus imãs coloridos, as minhas fotos felizes. Por um momento eu não desejei te esquecer tanto, por um momento eu não me esforcei tanto para te odiar mais ainda e pude, depois de muito tempo, ter um pouco de paz comigo mesma. Que me permitam plagiar uma frase de uma música: "Eu estou pensando em você, pensando em nunca mais pensar em te esquecer, pois quando penso em você é quando não me sinto só!". Pensar em você sem o meu escudo de mágoas é me sentir preenchida da época que você me fez o ser mais completo do mundo e ao mesmo tempo deixar você ir embora devagar, naturalmente. Me separar de você doeu por você estar grudado tanto assim em mim, doeu como se puxassem meu útero pela boca e arrancassem num só puxão. Deixar você ir é ao mesmo tempo me permitir voltar. Talvez eu não tenha que forçar motivos para te odiar tanto, nem maquiar tanto a verdade para eu me acostumar com ela. Talvez eu tenha só que encarar te encarar com indiferença, mesmo sem querer fazê-lo, e não me culpar por sermos dois estranhos agora. Talvez, se você ainda estivesse comigo, eu não teria tantos motivos para romantizar tantas coisas sem motivo. Nós somos interessantes porque não tivemos um fim feliz, nós somos interessantes porque eu posso sentir o nosso fim do jeito que eu quiser e principalmente, nós somos interessantes porque uma história mal resolvida pode ser resolvida de várias maneiras, várias vezes, durante muito tempo nas nossas próprias mentes, o mesmo local onde eu fiz de você o homem perfeito, e você fez de mim um capítulo encerrado.

Beijos :*

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A volta do que, quem sabe, ainda não foi

Está chovendo. As gotinhas de chuva começam a molhar o vidro do carro, uma a uma, caem timidamente. Focalizo uma que de repente é derrubada pela força de outra que acaba de chegar das núvens. Forte, independente, indiferente. É assim que eu me sinto quando a gente se encontra: tão pequenininha e tão estraçalhada por tanta força, tanta independência e tanta indiferença. A gente fica ali parado, no meio da chuva. Eu com o meu guarda-chuva companheiro por causa do cabelo e você falando no seu celular, andando de um lado para o outro impaciente, provavelmente querendo saber quando a sua mãe ia chegar para você fazer com que ela se livrasse mais uma vez de mim. Eu olho para o lado, disfarço, confiro as horas. Faço qualquer coisa para não olhar para você e perguntar: "Ei, quer ficar aqui comigo debaixo do meu guarda-chuva?". Mas não, prefiro ver você sendo molhado do que me molhar de lágrimas depois pelo seu provável não. Não quero olhar para o espelho depois e falar: "Sua imbecil, você estragou tudo!", prefiro deixar você ali. Alguma coisa orgulhosa, boba e criança dentro de mim se sente feliz e realizada pelo meu pseudo-abandono. Sim, o que ela mais quer e te deixar ali, sozinho, abandonado e na chuva, igualzinho como eu fiquei no dia em que a gente terminou. No dia em que o orkut me comunicou a sua decisão. Diga-se de passagem, não sei quem foi mais ridículo: você ou o meio que você usou. Voltei para casa sozinha, abandonada, na chuva e triste. Muito triste. Mas você não ficou triste com o meu pseudo-abandono. Você nem notou. A gente fica ali parado, fingindo qualquer coisa para fingir que não notamos um ao outro, fingindo que nunca tivemos nada. Mas quer saber? A gente finge muito mal. Fingimos muito mal na chuva ou em qualquer outro lugar. Fingimos muito mal principalmente para nós mesmos: você fingi que acha que está certo e eu finjo que nem me incomoda mais aquela situação. Ainda bem que não ganhamos a vida atuando. Estamos a uma distância teoricamente significativa um do outro mas ao mesmo tempo estamos tão perto. Na prática, o que acontece é que esse peseudo-vazio entre nós está recheado de sentimentos mal resolvidos, mágoas, incomodo, disfarces e principalmente orgulho. Muito orgulho. Tanto orgulho que faz com que nós nos aproximemos mais e ao mesmo tempo fiquemos mais e mais distante de um final feliz. Eu dou uma olhadinha para você, assim, como se fosse sem querer e tenho tanta vontade de pegar a sua mão, por no meu peito e te mostrar como o meu coração ainda acelera quando eu olho para você, mas talvez trocaria pela possibilidade de te dar um chute no saco e fazer com que todos os seus futuros relacionamentos estejam comprometidos. É, quem sabe. Odeio ver tudo isso que a gente se tornou mas no fundo eu gosto de saber que mesmo desse jeito ruim você ainda nota a minha existência, gosto de ver que você nunca se aproxima das pessoas quando elas estam perto de mim, isso mostra que eu ainda causo alguma coisa em você, mesmo que seja esse repúdio. As badaladas do seu relógio de orgulho anunciam que é meia noite, então você entra para que, quem sabe, eu não perceba o quanto você se esforça para mostrar que nem lembra da gente, que nem lembra da garota que "tavez foi a mais especial que você conheceu". Será que você lembra? Ou esqueceu assim como esqueceu de todas as coisas que você me prometeu? Podia entrar, ir atrás de você, te agarrar, chutar seu saco ou qualquer outra coisa que mostrasse o quanto a sua presença me angustia, mesmo que você não me seja mais vital. Mas não, prefiro continuar com o meu guarda-chuva. Incrível como é só você desaparecer para tanta dor e mágoa desaparecerem também. Me sinto bem de novo, me sinto feliz de novo, me dá até vontade de cantar. Celebro a sua ida, assim como celebro todas as vezes que nós entramos nos nossos respectivos carros e nos livramos das nossas próprias presenças e convívios semanais forçados. Você cortou o cabelo, você estava com uma blusa que já tinha usado comigo, você provavelmente está em outro relacionamento, você me deixa com uma pontinha de ciúmes falando com outras meninas, mas quando eu entro no carro, deixo tudo isso do lado de fora. Você nunca me pertenceu, então, não é agora que vai. Cruzo minha pernas, me acomodo no banco, me separo de todo esse mundo com um fone e fico ali, olhando as gotinhas derrubarem umas as outras. Você é um terremoto que faz estremesser todas as minhas certezas e memórias. Faz com que o meu coração trema na mesma velocidade, com que o meu corpo acompanhe e o meu cérebro seja mais rápido ainda para não deixa nada disso a amostra. Mas, quem sabe, eu seja uma brisa. Quem sabe eu te toque suavemente e nunca te deixe esquecer daqueles dias, daqueles beijos, daquele quase amor. Aquele quase amor que você abortou, aquele quase amor que seria somente seu, aquele quase amor que as vezes se vira na tumba.

Beijocas :*

domingo, 2 de novembro de 2008

O começo pelo fim

Agradeço por ter mãos, inspiração e coração para conseguir aliviar todas as emoções que formam o meu ser. Tanto as boas emoções que me dão mais força para ir até onde eu quero chegar, quanto as que me empacam, que me tentam para eu desistir no meio do caminho. As primeiras eu escrevo para eternizar, as últimas eu escrevo para matar. Escrever deixo de ser um refúgio para minhas desiluções amorosas, deixou de ser uma forma de justificar minha existência após o suposto fim do mundo e passou a ser uma forma de dizer o que não diria normalmente e fazer as pessoas saberem do que não teriam interesse de. Escrever é agora tão necessário para mim quanto respirar para minha existência. Não queria dedicar mais um texto a você, não queria mais uma vez espalhar tudo aquilo que eu quis tanto um dia te dizer mas que você não permitiu, não queria mais uma vez fazer com que você se sinta, mesmo sem saber, uma pedaço importante de mim, mas é necessário. Obrigada. Obrigada por ter me feito tão feliz, obrigada por ter tirado a acomodação com o passado de mim e ter me feito enxergar e amar um mundo totalmente novo quando eu já nem lembrava de como era a sensação de algo assim. Hoje eu posso lembrar com um sorriso, mesmo que misturado com algumas lágrimas, de tantos momento bons e por um pouco de alegria no que eu escrevo. Obrigada por ter tirado um pouco da menina inocente que eu era, mesmo que eu não me julgasse dessa forma, e ter feito com que eu tivesse tanta vontade de te agarrar, te beijar, te apertar, te morder e fazer com que de alguma forma você se misturasse com a minha pele, se misturasse comigo e quem sabe nós poderiamos estar um pouco ligados para sempre, mesmo que o nosso para sempre tivesse validade. Hoje eu posso escrever de uma forma mais intensa e ao mesmo tempo tão pura. Obrigada por ter feito comigo, mesmo sem saber, coisas bobas mas que eu sempre desejei e que ninguém tinha sido capaz de fazer tão bem. Talvez ninguém tenha sido capaz porque tudo isso estava predestinado a ser com você. Obrigada por ter segurado a minha mão para atravessar a rua, por ter me levantado no colo, por ter feito cafuné quando a minha maior vontade era chorar, por ter feito o meu coração disparar a cada mensagem "minha linda", "meu amor", por se interessar pelo meu dia, por falar comigo sorrindo e por provocar aquelas "brigas" tão fofinhas me chamando de gordinha. Hoje eu posso escrever de uma forma mais completa. Obrigada por ter feito da nossa relação uma relação tão complicada desde o início mas que se descomplicava com um beijo ou com um "não me olha com essa cara que eu não consigo falar!" "é a única cara que eu tenho!" e a gente começava a rir. Hoje eu consigo escrever os meus problemas já pensando em alguma forma de resolvê-los. Obrigada por ter feito o mundo parar tantas vezes, por ter feito o mundo ficar sem importância tantas vezes, por ter feito o mundo ficar pequenininho comparado a todo o amor que eu queria te dar, por todo o amor que eu queria anunciar. Hoje eu escrevo o que sinto no momento, para minhas emoções não se perderem com o tempo. E por fim, obrigada por ter feito do nosso fim algo tão ruim, tão dilacerante, algo causado por motivos tão bobos, algo causado pela sua falta de interesse, algo causado pelo execesso do meu. Foi para suportar a dor de ver você virando a esquina sabendo que era a nossa última vez que eu comecei a escrever. Foi para suportar o peso da culpa que você pôs nas minhas costas, foi para preencher meus dias com qualquer coisa, foi para preencher meu corpo pela ausência dos seus beijos, foi para preencher a minha alma pela ausência do seu cheiro, foi para me preencher pela sua ausência. Escrever foi a minha bússola de volta para meu próprio ser quando você me deixou perdida, foi a reconstrução do meu chão quando você me atirou de tão alto, foi o paninho com o qual eu enxuguei grande parte das minhas lágrimas, foi o banho para me limpar de como eu me sentia tão suja e humilhada e uma forma de sentir você perto de mim, mesmo vendo você tão longe, tão bem, tão impossível. Escrever foi uma forma de dizer o que você não quis ouvir, foi uma forma de continuar tocando a minha vida sabendo que em alguma hora toda aquela dor iria sumir. Escrever foi uma forma de te manter vivo dentro de mim, de continuar sentindo os seus abraços, os seus beijos, o seu cheiro, de tornar o nosso fim algo não tão feio, algo não tão triste, foi uma forma de não deixar que tudo que temos mal resolvido consumisse nossos momentos bons, mesmo que tudo isso fosse apenas um conjunto de letrinhas.

Beijos :*