CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O que ainda doi, sem nem ao menos doer

Chego em casa, entro no meu quarto e jogo a bolsa na cama. Tiro meus aneis, meu relógio, minha pulseira, meu cordão, meus brincos. Prendo o cabelo e lavo o rosto. Paro. Fico ali, olhando a água escorrer entre os meus dedos, me lembrando de como o tempo passa rápido e a gente nem tem tempo de se localizar no espaço. Pela primeira vez não foi um sentimento angustiante, pela primeira vez me senti bem e completa sem precisar jogar a responsabilidade disso nas costas de alguém. Mas isso dá medo, então eu choro. Choro porque ser feliz de novo, porque recomeçar, porque tentar enxergar algo no escuro não significa conseguir e eu não quero fracassar novamente. Choro porque não quero fazer com os outros o que fizeram comigo, porque doi a responsabilidade da felicidade de outra pessoa. Tá, eu sou medrosa. Agora me deixe em paz com os meus medos. Hoje eu tive a certeza de que finais felizes nem sempre acontecem, que algumas vezes a gente precisa aceitar o fim. Mesmo que doa, mesmo que sufoque, mesmo que enfraqueça, o fim é a certeza de alguma coisa. É algo concreto, é algo vivenciável, diferentemente de palavras ditas em vão que formam sentimentos e planos em cima de bases de areia. Um dia vem o vento, que por mais que na verdade seja brisa, destrói e leva junto por alguns momentos o chão de quem verdadeiramente gosta. Bobeira é não viver a realidade. Bobeira é alimentar a esperança de desculpas que no fundo sabemos que nunca serão pedidas, bobeira é dar sabendo que será uma doação sem retorno, bobeira é continuar a batalha quando a derrota é certa. Perdemos mais soldados, perdemos mais dinheiro, perdemos, principalmente, mais tempo. Tudo em vão. Hoje, mesmo que com o coração apertado e temor em dizer, posso afirmar que ter lutado tanto pelo nosso retorno foi simplesmente perder coisas em vão. Perdi meu orgulho, perdi litros de água em forma de lágrimas, perdi dias lindos, perdi sonhos e principalmente, perdi tempo. O mesmo tempo que todo dia eu reclamo que me falta, com essa vida agitada de quem ainda se prepara para começar a viver. Perdi, mas não me incomodava de perder se fosse com você. Hoje, quando me deparei acompanhada e com você acompanhado também, eu vi como são vulneráveis os nossos sentimentos. A minha mão estava junta a outra, os meus beijos eram para outro, as minhas palavras fofinhas não eram mais para você, assim como tudo que você fazia não me pertencia mais também. Hoje eu vi que tudo aquilo que foi tão esperado por mim, aquilo que por tanto eu lutei, aquilo que por tanto eu chorei, me angustiei, aquilo que um dia me fez tão feliz, tudo aquilo fico lá atrás, em algum lugar que eu juro não ter o interesse de conhecer. Pela primeira vez não desejei te agarrar, te abraçar e dizer o quanto é ruim a sua ausência, como eu já fiz. Pela primeira vez não morri um pouco por olhar dentro dos seus olhos, os mesmos que ficavam tão bonitos quando você sorria, e ver minha sepultura lá dentro. Pela primeira vez não quis chorar ao ver o homem que eu tanto quis que fosse meu homem com outra pessoa. Pela primeira vez não lamentei os planos que você rasgou sem nem ao menos conhecê-los. Naquele momento, pela primeira vez, eu entendi que a nossa relação vai ser sempre essa. Eu entendi que eu nunca mais vou conseguir olhar na sua cara, eu entendi que toda aquela dor por você ter terminado comigo assim como se termina de comer, simplesmente levantando e indo embora e algumas vezes dando uma gorjetinha como um "mas podemos continuar amigos", aquilo se transformou em nojo, em mágoa, em alergia a falta de hombridade. Se transformou em cimento de orgulho, para que este nunca mais desmorone cada vez que nossos olhares se cruzarem. E você .. Ah, você vai ser sempre um mistério. Nunca vou saber o que de fato passa dentro de ti. Algumas vezes ainda reluto em acreditar que aquele menino por quem eu me apaixonei, aquele menino que tanto me parecia adulto e eu tanto admirava calada, aquele menino que fazia tudo dentro de mim se misturar, aquele menino que eu tanto gostei, que eu tanto desejei que me assumisse assim como eu tanto desejei assumi-lo, eu reluto em acreditar que ele foi aquele fraco, aquele covarde, aquele monstro que me deixou ali, jogada, sem nada. Sem orgulho, sem amor próprio, sem sonhos. Aquele que me deixou derrotada numa cama por diversos fins de semana, aquele que me deixou mal somente com a prórpria presença. Eu nunca vou saber quem foi e quem é aquele homem que eu tanto desejei no início, no meio, no fim e algum tempo após o fim. Essa é a única realidade que eu não consigo aceitar, mesmo que já nem me importe aceitá-la ou não. É a única coisa que algumas vezes me angustia, me doi, sem angustiar e sem doer. É a única lembrança que eu tenho, sem deixar de ter todas as outras. Mas, por fim, é o único motivo pelo qual nós olhamos para trás naquele momento.

Beijocas :*

0 comentários: