CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

(Des)umano

Você odiava o meu cabelo preso, eu me lembro bem. Eu me lembro bem que não importava o quanto eu te explicasse como ele estava feio e implorasse para me deixar ficar daquele jeito, para me deixar ser daquele jeito: você sempre puxou o elástico. Quando eu era criança, sempre quis ser aquela menina dos cabelos grandes e lisos. Aquela que é a mais bonita da turma, que não é gorda nem desajeitada, e que todos os garotos no auge da sua idade mental (uns sete anos, depois as coisas começam a declinar) são apaixonados. Aquela que te faz parecer mais feia do que realmente é e traumatiza não só o seu primário, mas toda a sua vida, fazendo você mais tarde achar que seu peito é pequeno, sua bunda não existe e que ele nunca está olhando para você, é sempre para a sua amiga do lado. A mulher que não foi essa menina, com certeza, conheceu uma dessas. O tempo passou, as escovas progressivas, definitivas, marroquinas e indianas foram inventadas e todas nós pudemos, finalmente, sermos felizes. Enfim, expus meu trauma pré adolescente apenas com a função de base para meu argumento: jamais prenderia meu cabelo depois de anos de sofrimento se o mesmo não estivesse realmente "insoltável". Mas o mais engraçado disso tudo, é que mesmo depois de tanta autoridade e convicção, eu ficava feliz de verdade quando estava do jeito que você queria, eu me sentia bonita de verdade quando estava dentro dos seus moldes de beleza, eu me sentia completa de verdade quando você me aceitava. Eu construí um mundo a nossa volta. Um mundo onde ninguém transpira ou se cansa. Onde todos os dias, todas as horas, todos os minutos, eu estava perfeita e a sua disposição, embora eu ache que você nunca prestou muita atenção nisso. Mesmo que não tenha conseguido, eu juro que tentei. Eu tentei não ser humana, porque como diz o ditado: "errar é humano". Desde o dia em que você se transformou perante as minhas retinas e me fez gostar da idéia de os meus filhos nascerem com o queixo um pouco mais pontiagudo, eu dediquei todo o tempo que ainda restava da minha existência na difícil (impossível) tarefa de te agradar. Eu queria ser a mais feminina possível, não só por ter uma alma meio viadinha, mas para você parecer muito mais homem e másculo ao meu lado. Ou será que era para eu parecer mulher de verdade ao seu lado? Não sei. Mas o fato é que quando você me olhou e perguntou o que eu tinha que fazia você sempre querer voltar, eu me senti tão, tão pequenininha e frágil que queria voltar mesmo era para o útero da minha mãe. Eu vivia assim com você: entre antíteses. Entre altos e baixos. Entre me achar mulher fatal e guardanapo usado. Entre dormir feliz por termos saído e acordar com nós separados. Um dia aconteceu. Um dia o seu sorriso ficou meio forçado, seu intusiasmo não era o mesmo do início e você não conseguia esconder, embora negando, o quanto a minha companhia tornou-se um peso. Eu fiquei tão, tão pesada que me machuquei muito quando, inutilmente, tentamos arrastar para o futuro o que eu tinha que fazia você sempre querer voltar, mas que tinha se perdido em algum lugar do passado. Mesmo vendo a cada dia o que nós tínhamos ficar pequenininho até desaparecer, eu nunca derrubei os muros que ergui envolta daquele mundo que construí. Estava ali, como eu gostaria de estar: intocável. Mesmo vendo muitas outras mulheres entrando e saindo da sua vida, eu queria continuar como uma boneca de coleção, esperando pelo dia em que você quissesse novamente me tirar da caixa. Hoje eu até ensaiei uma corrida atrás do seu ônibus, mas minhas pernas não recebem mais motivos para isso. Eu coloquei a culpa no muro pelo meu deslize. Talvez até seja. Talvez eu realmente ainda queira que você me queira, assim como todo homem quer um pedaço de coxa ou de bunda. Sem carinho, sem admiração e sem paixão mesmo. Querer só por querer. Talvez eu ainda nutra essa vontade utópica e imbecil de você sempre me achar linda e desejar até a sua última pontinha de unha não ter me deixado. Talvez seja por isso que eu me senti tão fracassada por estar ali, suada, de cabelo preso e cara lavada. De um jeito que você nunca me desejou ao seu lado. É, talvez. Mas foi naquele instante, entre o passo adiante e a conscientização de que era melhor não correr atrás, que eu olhei uma gotinha de suor no meu braço e descobri: ufa, voltei a ser humana!

Beijocas :*

5 comentários:

Jeeh Fiaz disse...

Nossa,que lindo texto Carol, vc praticament deixou de vc... mas isso passa!

Unknown disse...

foda, amiga. muito bom !

Cah. disse...

nossa... adorei, você conseguiu traduzir alguns sentimentos que eu sinto as vezes!
nooossa, ta no meu link do blog agora do "visito e recomendo"

beijos mulher, passarei mais vezes por aqui.

Camila Gonzalez disse...

Olá,estou me formando este ano em Comunicação Social - Jornalismo, na universidade de Brasília (UnB). Meu trabalho de conclusão de curso, que faço junto com minha amiga Flávia Drummond é sobre a influência da internet na relação entre revista/ site Capricho e suas leitoras.

Vi que você é leitora da revista e vim aqui te fazer um convite: Você poderia responder um pequeno questionário com perguntas sobre a Capricho? É rápido e fácil. Sua participação vai ser muito importante. Mas seu questionário ficará guardado conosco e apenas vamos apresentar os dados gerais da pesquisa, por exemplo, dizer quantas garotas são assinantes da Revista Capricho, etc.

Aqui está o link:
http://www.encuestafacil.com/RespWeb/Qn.aspx?EID=611023

Ah! O questionário deve ser respondido individualmente e só uma vez, ok? Obrigada pela sua ajuda.

Camila Gonzalez
Meu orkut:http://www.orkut.com/Home.aspx?tab=m0

Khairudin disse...

i like its. http://pulautidung31.com