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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A comandante

Me senti tão leve hoje que não corri com medo de voar. Na verdade, não tenho medo de voar, tenho medo de ir embora e não viver tudo aquilo que ainda preciso viver. Não quero mais que milhões de pessoas, oportunidades e dias de sol escorreguem de mim junto com minhas lágrimas. Perdi muito tempo chorando, agora, preciso me hidratar. Me hidratar de boas energias, de sorrisos e de muito amor. Amor pela vida, amor por tudo aquilo que ainda pode ser e principalmente amor por mim. Estivemos em lugares lindos e floridos, mas o mais importante de fato foi você me ensinar a andar na minha bicicleta. Ela sempre esteve comigo, parada, inutilizada, por eu nunca saber comandá-la. Durante todo o tempo em que estivemos naquele lugar maravilhoso, você esteve ao meu lado, me ajudando a me equilibrar e dar as minhas primeiras pedaladas rumo ao que nem eu mesma ainda conhecia. Me sentia segura, feliz e protegida e pensava que não poderia me sentir igual se estivesse sem você. Um dia você soltou a bicicleta e eu tive que continuar o meu caminho sozinha. Olhei para trás diversas vezes, mas para não desequilibrar e cair, tive que esquecer que existia direção diferente do que aquela que aparecia em minha frente. Não acreditava que poderia seguir sem você, mas segui. Minha vida passou a ser comandada por mim, mesmo sem você me ajudando a me equilibrar e amenizando meus altos e baixos. Segui, como assim você esperava que fizesse, e aqui estou eu, agora sem medo de olhar para trás e cair. Vejo que todo aquele sentimento lindo que descobri dentro de mim quando te conheci não me dava garantia de que pudéssemos ficar juntos. As pessoas que gostamos, algumas vezes, não foram feitas para nós, sem que isso signifique que elas são melhores ou piores. Simplesmente, não há como dar certo. Durante algum tempo que segui sozinha na minha bicicleta, indaguei-me se exitiria alguma coisa que pudesse nos unir novamente, mas durante o tempo que gastei pensando naquilo que já havia passado, não vi tantas borboletas que passaram ao meu lado. Não há retorno, mas ainda há o amanhã e mesmo assim isso não é motivo de tristeza. Olhar para trás e ver quantas coisas lindas vivi, é melhor do que me lamentar por não ter arriscado e ter me poupado de tamanha felicidade momentânea. Posso ser feliz hoje porque assim desejo, pois não me lamento mais por não ter sido feliz ontem como queria.

Beijocas :*

domingo, 25 de janeiro de 2009

Eu e minha vocação GLS

Outro dia me pediram para escrever sobre homens gay's. Como poderei fazer isso? - pensei eu. Hoje em dia já é difícil eu escrever, pois como disse diversas vezes, sou masoquista e apenas consigo transformar em palavras dores e angústias, como poderei escrever sobre algo que nunca vivi? Fui dormi pensando nisso e para falar a verdade, será que nunca tive um homem gay mesmo? Quando eu era menor, era diferente de todas as meninas da minha idade. Era estranha, pois com sete anos, tinha acne de pessoas com 15 e o peso que nem hoje em dia eu tenho. Fui obrigada a conviver com minha estranheza e arrastá-la por insuportáveis corredores e salas de colégio. Criança é um ser sincero até demais. Era uma criança feliz, mas nem por isso, deixava de sofrer com o que diziam (fato que só melhorou depois dos meus quatorze anos quando eu constatei que as meninas de peitos airbag e bundas melancias ficavam caídas mais rápidas do que o normal pelo freqüente uso e tinham o cérebro constituído pelo o que é formado a inversão dos meus movimentos peristálticos: vômito). Não acreditava em mim, sempre achei que não seria capaz de levar um relacionamento a frente e que homem algum ficaria comigo tendo a sua disponibilidade uma loira turbinada. Por não acreditar em mim, fui desacreditada pelo mundo. Por ter medo de perder, eu perdi. Homem não gosta de insegurança, pura lorota que homem gosta de se sentir no comando. Gosta se te ver apenas como uma vagabunda qualquer. Para um relacionamento ir a frente, você precisar ser superior. Nenhum dos meus amores, peguetes, sei lá como preferem chamar, foram capazes de me fazerem feliz e segura ao mesmo tempo. Em meio ao oceano da minha felicidade, encontravam-se toneladas de areias de insegurança que aterravam cada vez mais, cada dia mais o que ousávamos chamar de "relacionamento". Relacionamento é o ato de se relacionar e, pensando bem, eu nunca me relacionei completamente com alguém. Homem se orgulha do tamanho do instrumento de trabalho (o que se torna pior quando o apelidam com o próprio nome mais o sufixo "ão". Exemplo: Joãozão, Pedrão, Serjão), mas às vezes, nem sabem o que fazer com tanta carne morta e inutilizada. Não se trata da mulher ser atraente ou não, isso é o de menos, trata-se dessa vontade desesperada de gastar toda a masculinidade de uma só vez e se atrapalhar com tanta idiotice. Homem gay é aquele que não gosta da mulher propriamente dita. E os meus pseudo héteros? Eram o que? Não gostavam de homem, mas não gostavam de mulher também. Quando a gente gosta, a gente se preocupa, cuida e até se sacrifica e releva. Em suma, meus pseudo héteros eram gay's, viadões de primeira categoria! Da próxima vez, prefiro gostar de um gay assumido que saiba pelo menos as melhores tendências de roupas para o inverno, do que gostar de um gay enrustido que acha que ser homem é arrancar as melhores tendências de um corpo feminino.

Beijocas :*

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Não era amor

Você me olha, eu te olho e pela primeira vez não vejo romance nisso. Estava errada quando disse que troca de olhares são sempre doces. Você me olha com aquela cara de safado e eu tenho vontade de me rasgar toda, mas apenas sorrio e olho para o lado. Sempre fui uma menina boazinha e está difícil deixar de ser. Nós não andamos de mãos dadas por ai, nem fazemos programinhas de casal, nomeação que estamos longe de ter. Mas pensando bem, já que eu nunca fiz parte de um casal de verdade, prefiro ter a sua cara de tarado e a vontade de me rasgar, do que uma cara mela cueca e vontade de morrer. Meu estômago acostumado com borboletas e friozinho agora se vira como pode para aguentar tanto fogo e tanta adrelina mas pela primeira vez eu gosto de não amar. O nosso "não amor" trouxe consigo essa vontade louca de puxar, rolar, agarrar, apertar e isso faz eu me sentir muito mais mulher do que qualquer cafuné ou beijo na testa. O nosso "não amor" não tem ciúmes, saudades ou dependência, ele é mutante e se adapta a hora, local e oportunidade. O nosso "não amor" não me agustia com a possibilidade de acabar e por isso não acaba. Amor a gente precisa alimentar, o que se torna mais difícil com decepções e medos. Tesão, deixando a hipocresia e o recato de lado, aumenta quando a gente morre de medo das consequências e se trata daquele tremendo safado. Eu não quero que você me ame, nem quero te amar. Eu não quero estragar tudo. O fim do amor sempre acaba comigo, sempre me deixa sem forças para levantar da cama, sem forças para encarar o mundo, sem força para encarar as pessoas. Então, se você tiver que me derrotar, que por favor não seja pelo nosso fim. Para que ferir o meu coração, se você pode me deixar roxa e arranhada? O amor, graças a Deus, não foi feito para nós. Às vezes você me trata de uma forma tão fofa e delicada que eu me sinto leve só por me sentir pequenininha e vulnerável. É como um fetiche de ser subordinada, sem depender de fato. Força do hábito. É, deve ser. A gente se despede, se abraça e eu me sinto tão realizada comigo mesma por me sentir tão mulher e ao mesmo tempo tão protegida. Não era amor, mas no final, de qualquer forma, cada um segue o seu próprio caminho.

Beijocas :*

sábado, 3 de janeiro de 2009

Só mais um texto

Esse, provavelmente, vai ser só mais um texto. Vai ser só mais um daqueles muitos textos que dia após dia acumulam-se sob a minha mesa. Vai ser só mais um daqueles muitos textos que contam, inutilmente para pessoas que nem eu mesma conheço, o quanto às vezes, mesmo negando, mesmo sem saber, mesmo querendo esconder, eu sinto a sua falta. O quanto ainda doi olhar para trás e, mesmo com uma tonelada de palavras entaladas na garganta, lembrar que você disse que não tínhamos mais nada para conversar. Eu ainda tenho aquela mania que você odiava de usar um pedacinho da barriga de fora, eu ainda me atraso na maioria das vezes, eu ainda finjo que estou aborrecida só para me mimarem e eu ainda continuo com aquelas gordurinhas nas laterais que você sempre apertava mas dizia para eu perder. Os meus amigos continuam os mesmos, mas a maioria não é mais formada por homens, como você sempre ironizava. Eu lembro que um dia te disse que preferia homens porque mulheres são muito complicadas, mas de uns tempos para cá, eu não sei mais como lidar com a ala masculina. Acho que você sabe disso, não é? O meu short continua com a sua "falta de pano" e eu confesso que é o short que eu mais gosto. Não pela sua falta de pano em si, mas por ele vestir bem. Quando eu saio com ele, vários homens reparam em mim, mas tenho que admitir que me olham como se eu fosse uma peça de carne em algum açougue de fundo de quintal, não com aquele seu olhar interessado no que estava acontecendo comigo. Eu continuo sem saber de que são feitos os sanduíches do Bob's, mesmo aqueles com os nomes mais sugestivos, assim como o "Double Cheese". Eu nunca gostei muito de fast-food, e mais da metade do meu lanche, principalmente do refrigerante, continua indo para a lata do lixo. Sou um monstro! Com tantas pessoas passando fome por ai .. Eu continuo alisando o meu cabelo, mas agora é muito mais raro. Pode até parecer uma atitude submissa, mas eu alisava mesmo para te agradar. Eu sempre quis te dar o melhor de mim, mesmo que fosse o melhor na sua concepção. Tudo bem, sei que me anulei demais perante as suas vontades e decisões, mas foi apenas com o desejo de um dia a gente se somar por aí. Eu continuo adorando morder os outros e todo mundo continua reclamando, quando na verdade eu era quem deveria reclamar pela quantidade de bochechas ruins. Ah, que saudade das suas .. Meu pai continua usando 212, mas eu não cheiro mais o vidrinho, nem coloco mais uma borrifada no travesseiro antes de dormir nas noites em que sinto sua falta. O cheiro não faz mais tanto efeito em mim, parece apenas uma vaga lembrança de algo muito, muito antigo. Afinal, faz um certo tempo sim que eu não fico respirando na sua nuca, nem descubro entre uma inspiração e uma expiração que ali foi o lugar pelo qual eu esperei a minha vida inteira. Eu continuo, mesmo sem querer, obedecendo a todas as suas vontades. Nunca mais te procurei, como você me pediu, mas também continuo um pouco orgulhosa, como você sempre repetiu. Eu continuo tendo milhares de amores tortos, assim como sempre você sacaneou, assim como eu sempre tive, mesmo antes da gente se conhecer. Querendo ou não, agora você é mais um desses meus amores, a diferença é que você nunca me liga carente, nem querendo me fazer de saco de pancada. O lugar preferido da minha mão na hora de beijar ainda é no cabelo do outro cônjuge, mas nenhum deles reclamam, ficam estressadinhos ou fazem o carro alheio de espelho por horas. Ô gente sem graça! Eu ainda gosto de contar sobre o que está acontecendo comigo com aquela minha frescura e balançar descontrolados de mãos habituais, mas ninguém ri de uma forma tão gostosa quanto você, nem me calam com um beijo quando eu já falei demais. A minha mãe nem me liga mais com tanta frequência quando eu saio. Para falar a verdade, acho que ela nem liga mais. Hoje em dia ela está traquila, pois sabe que não existe nada que possa tirar o meu chão, a minha razão, e o meu juízo. Eu continuo prendendo a franja para trás como você nunca gostou, mas eu comprei um prendedor novo tão fofinho que tenho certeza de que você ficaria mexendo nele por muito tempo, assim como sempre fez quando achou algo interessante. Lembra quando a gente estava naquele "tempo", sem nem nos falarmos direito, e você, do nada, abriu a minha pasta e pegou para ler umas cartilhas de verbos? Provavelmente você não lembra, mas eu lembro que o meu coração quase saiu pela boca pensando que poderia ser uma maneira sua estranha de se reaproximar. Pois é, quando o assunto era você, eu não pensava com a cabeça. Eu ainda tenho os "rascunhos" daquela carta que eu te mandei e eu ainda releio-os imaginando o que você sentiu quando leu pela primeira vez, mas é inevitável a necessidade que agora eu sinto de escrever muitas coisas a mais. Será que você ainda tem aquela carta? Será que você a relê também? Eu queria te pergunta tantas coisas mais .. Eu ainda reconheço você em uma foto de longe, principalmente por não esquecer que você adorava usar uma blusa de manga comprida por baixo do uniforme, ou uma polo que te deixa com uma cara tão fofinha, que eu tenho vontade de te agarrar. Eu ainda continuo achando você o mais atraente de todos os seus amigos, mesmo você parecendo o Pink do "Pink e o Cérebro" quando corta o cabelo. Sabe, alguns são mais fortes e realmente mais bonitos, mas o que faz ser você o dono dos meus olhos é o fato de como o meu filho poderia ser lindo, mesmo com essas orelhinhas de elfo. Por falar em seus amigos, eu sonhava com o dia que você diria "Pô, tô com a Carol!", quando te ligassem e estivéssemos juntos, mas eu só ouvia você responder "Pô, eu tô sozinho!". Sonhava também em desfilar na presença deles, ou não, de mãos dadas com você e que me apresentasse como o motivo master da sua felicidade, assim como eu sempre falava de você para os meus. Sabe, no final das contas, eu continuo a mesma. Eu continuo não me importado com quem você fica, sai, ou convive, pois por querer tanto você, eu não exijo exclusividade. Eu tenho uma pontinha de ciúmes sim, confesso, mas é só porque eu queria estar ali também, mesmo que fosse como coadjuvante. Faz um favor para mim? Diz para o seu amigo que não vai muito com a minha cara, e para a sua mãe que deve me achar um chiclete neurótico que eu posso ter um monte de defeitos, mas eu só queria trazer para a sua vida o mundo cheio de cores, cheiros e sensações novas e maravilhosas que você trouxe para a minha. Só tem uma coisa em mim que mudou: eu não tenho mais aquela cara de pau de antes. Eu não ouso, mesmo sendo corroída por dentro, contar nada disso diretamente para você. Mas no fundo, é só para não, talvez, piorar a nossa situação e até as lembranças e esperanças sem sentidos você levar de mim. Após tudo isso porém, confesso que eu fiquei mais inteira de coração partido, pois depender tanto assim de alguém não é algo muito recomendável. A sua falta me fez ser um pouco mais racional, mas às vezes sinto falta de quando ao seu lado eu não sentia falta de mais nada.

Beijocas :*

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

My tears dry on their own - A nossa versão brasileira

Foda-se o ano novo. Não aguento mais todo mundo venerando a virada de um ano como se fosse um grande acontecimento, como se todos os problemas fossem sumir, como se todos os sonhos fossem ser realizados. Não aguento mais essa felicidade estúpida em acreditar nisso tudo, nem a ignorância que bloqueia a razão para os fatos reais. Para falar a verdade, hoje, eu não estou aguentando estar dentro de mim. Queria ter um zíper nas costas para nessas horas poder recolher meu espírito e descansar o meu corpo em algum lugar longe disso tudo. Pela primeira vez na minha vida, não fiz promessas, nem pedi nada com muita fé. Pela primeira vez não quis que o ano virasse. Não queria mudar o calendário e automaticamente deixar a gente para trás. Não queria continuar sentindo tanto a sua falta e ver como o tempo está me empurrando mais e mais para frente de tudo aquilo, como a distância entre nós aumenta a cada dia. E acredite, tudo que eu mais queria nesse mundo era estar te tratando assim, como trato as formiguinhas que aparecem na cozinha: como nada. Não é suficiente te tratar como nada na frente dos outros, tudo que eu mais queria era te tratar como nada para mim. Não aguento mais também as pessoas falando que é muito pouco para eu ficar assim, que você não presta, que não vai ser o último homem da minha vida, muito menos que eu devia pensar mais no meu futuro do que em um cara que ainda precisa da ajuda da mamãe para terminar com alguém. Eu queria viver a minha dor sozinha, queria chorar e sorrir quando eu tivesse vontade, não porque os outros acham que tudo isso é uma grande bobagem. Pode até ser uma grande bobagem, mas então, por favor, me deixem com a minha bobagem. Foi a minha bobagem que muitas vezes me deu vontade de acordar, me deu vontade de sorrir, me deu vontade de me arrumar, me deu vontade de estar viva. E se ter vontade de estar viva não for algo forte demais, por favor me matem, pois não acredito que possa existir felicidade maior do que aquela que sentimos simplesmente porque vemos até cores onde tudo é cinza. Felicidade sem vaidades, ser feliz só porque não existe um motivo maior para mudar a forma maravilhosa como a qual nos sentimos. Por falar em ver cores, nada ultimamente tem enchido os meus olhos, nada tem sido maior do que essa vontade de ter você que de tão louca chega a ser uma não vontade. Dizem que essa crise de abstinência é justamente culpa do meu desânimo, e para ser honesta, eu também acho. Mas de qualquer forma, isso não muda a forma como eu me sinto, nem a minha vontade incontrolável de chorar, de odiar o mundo e de querer sumir. Corro de um lado para o outro do quarto, pulo, soco a cama, vou para a janela e choro. A rua está deserta, só consigo ouvir o barulho de alguns carros e o meu próprio choro. Parece que todo mundo está feliz com o pseudo começo de uma nova e perfeita vida e eu sou a única anormal que faz disso o motivo de uma agonia bem maior. Sou ridícula, em todos os sentidos. Mas sou ridícula principalmente por escrever tudo isso. Me incomoda me sentir assim, me incomoda sentir sua falta, me incomoda esse desencanto momentâneo (ou não) pela vida, mas eu juro, isso tudo é muito mais forte do que eu. Não é pouca coisa dizer que "isso tudo é muito mais forte do que eu", porque desde que você foi embora e todas as vezes que eu tenho vontade de explodir o mundo, eu me controlo muito para não fazer nada que meu desespero e minha ânsia por algo real e melhor me imploram. Não sou fraca por chorar, nem por achar isso tudo uma grande merda. É a minha forma de sofrer sem que ninguém mais se envolva, sem que ninguém mais tome conhecimento, sem que ninguém me ache boba ou sinta pena. Nem você, nem ninguém. Sei que uma hora passa, sei que uma hora volta, e é assim que eu vivo desde agosto, o mês do desgosto, como dizem por aí: na corda bamba. Eu quando era menor, consegui me desequilibrar de um pedaço plano gigante de pedra e cair em um mague, então por favor, não me faça ter que me equilibrar nos meus sentimentos por você. Você sabe que desde sempre tudo entre nós funcionou por impulsos, movimentos e ações rápidas. Não tem como ser ligeira e não cair do último fio que ainda insiste em existir, pelo menos para mim, de nós dois. Sei que existem milhares de pessoas se matando, passando fome, frio .. Sei que milhares de pessoas venderiam a alma ao diabo para ter a vida que momentaneamente julgo uma grande porcaria, mas entenda que, mesmo que pareça um pouco egoísta, quando você me abraçava, quando eu olhava nos seus olhos e de repente você abria aquele sorriso e falava qualquer coisa com aquela sua voz mansinha, aquela de quem sabe ser fofinho e deixar uma mulher louca, tudo no mundo sumia. Eu só conseguia enxergar você e eu, exatamente nessa ordem. Você dizia com aquela intonação de casal mela cueca misturado com aquele seu jeito único de falar que eu iria te deixar mal acostumado com tantos mimos. Sei que deixei, mas você me acostumou a ver o mundo a dois, sendo você a parte restante, ou melhor, complementar a mim. Você, mesmo sem querer, me deixou mal acostumada também e de uma hora para a outra virou as costas e foi embora. Sei que você não tinha obrigação de aguentar minhas crises loucas por não aguentar estar tão feliz e achar que logo algo ia dar errado, mas se não fosse a minha loucura de te querer tanto, essa loucura toda que aconteceu entre duas pessoas que nunca darão certo, como você mesmo afirmou para eu nunca mais esquecer, nunca teria existido. Depois que a crise passa, depois que as lágrimas cessam e eu sinto aquela paz e leveza por não ter mais dentro de mim milhões de litros de água, eu consigo enxergar que isso faz parte do processo de ver você indo embora, de ver minha vida mudando, de ver as minhas certezas e bases se modificando, em todos os campos possíveis, independentemente da minha vontade. Tirar você de mim é como tirar algo que está fixo ao meu próprio corpo, porque é assim que eu te trato desde que eu te olhei e não te achei mais tão sem sal, desde que eu vi em você, ou pelo menos achei que vi, o homem da minha vida. Carrego você para todos os lugares e é tão óbvia a sua marca em mim que qualquer um consegue perceber. Você não me deu direito a anestesia, simplesmente arrancou e deixou sangrando. Mesmo que pareça uma metáfora cafona e clichê, foi extamente isso que você fez: limpou sua consciência e jogou o papelzinho com toda culpa para eu limpar o buraco que a sua ausência formou. Você já não é mais tudo isso a muito tempo, mas tudo entre a gente é tão mal resolvido que eu chego a pensar que você acha que estamos muito bem enterrados. Se você olhasse nos meus olhos e não me beijasse para disfarçar a seriedade da situação, assim como você sempre fez, e falasse tudo aquilo que covardemente disse por trás de uma tela de computador, eu juro que enxergaria a realidade, embora talvez, não sem dor. Mas a gente disse adeus de uma forma tão impessoal, que eu mal consigo acreditar que o mesmo homem a quem desejei diversas noites ao meu lado, não só naquela cama estreira, com o nome de péssimo gosto "solteiro", mas sim, aquele que eu desejei se não pela minha vida inteira, pelo menos por um tempo maior, foi o mesmo que recusou um contato mais íntimo: um vulgo telefone. Aparelho com o qual eu falo com o carinha do telemarketing, que provavelmente tem um nome muito atraente de Waldescreisson, Uwashington, Creyton e similares. Cansa te odiar, cansa gostar de você, cansa até reler esse texto e te falar mais algumas toneladas de estrume que estam entaladas na minha garganta, e que talvez adubassem sua consciência e incentivassem crescer em você uma atitude de homem como um: "Fui um merda, eu assumo!". Mas como, pelo desenrolar das coisas, eu não posso esperar muito de você, termino esse texto, que me dá ódio por não ser mais um daqueles textos imponentes, com um trecho de música que talvez surtisse em você um sentimento blasé, mas que pouco importaria para mim. Afinal, sou eu no final das contas quem sempre lidou, sozinha, com tudo que sentiu por você e pelo mundo: "Ele vai embora, leva o sol consigo, mas eu já sou crescida. Nesse céu cinza, minhas lágrimas secam por elas mesmas.".

Beijocas :*