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domingo, 24 de janeiro de 2010

Lamentos enrustidos

Não digo que voltou, não por nunca ter ido, mas por não mais sofrer. Dor, palavra que melhor te descreve. Até na felicidade havia agonia. Felicidade programada para o fim breve. Eu sempre soube. Nossos beijos, até os primeiros após as reconciliações, eram os últimos. Eu estava preparada todo dia para ouvir o adeus que você nunca teve coragem de dizer mas que de alguma forma matava a gente um pouquinho mais conforme o tempo passava. Você era a minha bomba relógio e eu havia escolhido ser kamikaze: escolhi você todas as vezes que me deram a opção de mudar e mergulhei de cabeça sempre que pude na piscina rasa que era o nosso relacionamento. Fratura exposta, todo mundo viu a tragédia que foi o nosso fim. Não digo que você foi de todo o mal, afinal, a minha felicidade era sincera, era completa. Nosso romance sempre foi metade. Metade minha. Amor meu. Você era o meu amor, agora você é o amor dela. E ela é o que eu nunca fui. Amor seu. Não digo que seja saudade, tão pouco sofrer, mas penso que o seu bem começou juntamente com o meu mal. Eu estava esperando você e esperei até pouco tempo atrás. Esqueceu de mim nos braços dela. Por falar em braços, não pense que seja dor de cotuvelo. Era, não é mais. Não me pergunte o porque de tudo isso agora, nem lamento é. Olhei pela minha janela as folhas que formavam quase um tapete no asfalto e me dei conta da inconstância da vida, sem medo de parecer louca. Louca fui quando contigo insisti. Passou e se eu me esfroçar, no fundo encontro o vazio que você deixou. Abandonou o lugar que em mim tinha mas deixou a luz acessa. Sabe como é, a conta ficou muito cara e tive que suspender. Ainda existe o seu cantinho, mas a escuridão, a poeira, o silêncio e a melancolia predominam. Tentar não deixar você ir é viver mal assombrada. Vai. Voa. Faz do ninho dela tua nova morada e deixa meu coração livre para novamente amar. Não foi fácil gravetinho por gravetinho reconstruir-me, e chocar o nosso amor em vão foi frustrante. O ovo realmente ficou entalado. Olha, mas agora ele se quebra. Renascimento. É oco e este novo espaço transformo no que quiser. Não volta, nunca mais. Nem para explicar o que não tem explicação. Apenas me evite e me deixe saber o quão viva em você estou. Alimente-a com a sua minhoca, e alimente meu novo eu com o fantasma do que nunca chegou a ser. Não digo que seja vontade de voltar. É apenas vontade de te marcar como um boi e deixar doer em ti, pouco que seja, o que em mim foi suplício e fazer valer a pena tantas coisas que eu achei que haviam se perdido. É apenas vontade de te esquecer mas de ser lembrada. Vontade de incomodar.

Beijocas :*

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Flashback

Você me pergunta o que está acontecendo comigo e tudo que está na iminência de ser expelido volta. E embrulha o meu estômago. Aquele vai ou não vai, querendo ir mas achando mais seguro ficar. Você me pergunta se eu estou triste, se foi algo que você fez e por um momento eu penso em te contar. Mas acabo ficando quieta esperando que você me engula. Eu queria muito resolver, aliviar tudo isso. Relax, take It easy. Mas você é tão fantástico que por egoísmo, fissura ou massoquismo eu prefiro prolongar o que eu já nem mais sei se é dor. Amoleço ouvindo a sua voz mansa e ficaria ali até que você me tomasse nos braços e, mesmo tendo o silêncio como trilha sonora, me mimasse por mais alguns momentos. Ou pela eternidade, se você quissesse. Eu me sinto tão vulnerável perante a sua grandeza. Não, não houve nada. Tirando a minha imaginação fértil e o meu coração infértil, tá tudo certo. Tá tudo legal. Queria te falar sobre tantas idéias que somem ao descobrirem que vão virar palavras. Eu estou com medo. Eu sei que vai soar como um clichê exagerado, mas eu estou com medo de perder você. Você me diz que ele vai voltar, prossegue com um riso orgulhoso da piada anterior e eu te pergunto se o que nunca veio pode voltar. Silêncio. Fico surda e continuo muda, agora movida pela vergonha de ser eu mesma. Se não delirei, escutei um suave: "Você acha impossível?". Eu não acho nada. Durante toda a minha vida eu achei muito e hoje é o pouco quem me acompanha. Eu não quero planejar, imaginar cores, formas, cheiros para o que eu nem sei se vai existir. Se vai voltar. Fora de mim, é claro. Mas eu não consigo. You make me crazy! Já te falaram isso, estou ciente. Eu tenho medo de como estou amorfa longe de você e de como você preferiu, prefere e prefirirá milhares de outras formas por aí. Eu tenho medo de te perder, repito. Perder o (pseudo) amor, o amigo, o homem. Perder tudo. Perder todos. E é exatamente por temer tanto te perder que eu me perco no meu silêncio, nas palavras não ditas e apenas fecho os olhos e peço para que o cara lá de cima seja legal dessa vez comigo. E apenas peço para que exista um pouco de realidade nas minhas fantasias. Não sei porque, acho que já vi esse filme antes ..

Beijocas :*

domingo, 3 de janeiro de 2010

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Hoje escrevo para homenagear quem por si só já é homenageada, quem por si só é exclusiva. Escrevo sobre aquela que não podemos descrever mas que passamos grande parte de nossas vidas tentando traduzir. Sentimos do que se foi e do que não chegou a ser. Ouso dizer que principalmente do último. Pode ser tudo, por não ter sido nada. Sem título, sem descrição, com alma. Pura alma. Alma pura. Às vezes aperta, esmaga tanto que acabamos deixando solto aquilo que prendemos com esforço, mas também refletimos sem perceber o que de mais sincero e feliz temos no nosso eu deconhecido por nós mesmos. É contraditória e em muito momentos chega sem razão alguma. Um cheiro, um gosto, uma música, um lugar. Desprovida de fórmula, tem a forma que a gente quiser mas vêm a tona sem a gente querer. Sinto de mim. Sinto de quando não tinha alguma consciência que fosse da dimenção de tudo isso. Medo, receio. Sinto dele. Sinto de quando tinha milhares de planos escritos na areia e a tempestade nem anunciava vir. Mágoa, questionamento. Sinto do que desconheço. Sinto do que existiu apenas na minha cabeça e que muitas vezes não foi realizado por não depender só de mim. Ilusão, tempo perdido. Sinto do que ainda vai ser. Sinto por ter certeza que ainda vou perder muitas pessoas, fisicamente ou sentimentalmente. Sei que natural são as separações e inevitável é a renovação. Nem tudo é forte e verdadeiro o suficiente. Nem tudo merece continuar. Angústia. Apenas. Sinto o que é universal. Sinto por toda a humanidade. Sinto por todos aqueles que não são capazes nem de começar a descrevê-la, sinto por aqueles que não a tem incluída em sua língua pátria. Exclusiva no meu idioma, vulgar em todo o resto. Saudade. No plural: saudades. Sinto. Só.

Beijocas :*