Não digo que voltou, não por nunca ter ido, mas por não mais sofrer. Dor, palavra que melhor te descreve. Até na felicidade havia agonia. Felicidade programada para o fim breve. Eu sempre soube. Nossos beijos, até os primeiros após as reconciliações, eram os últimos. Eu estava preparada todo dia para ouvir o adeus que você nunca teve coragem de dizer mas que de alguma forma matava a gente um pouquinho mais conforme o tempo passava. Você era a minha bomba relógio e eu havia escolhido ser kamikaze: escolhi você todas as vezes que me deram a opção de mudar e mergulhei de cabeça sempre que pude na piscina rasa que era o nosso relacionamento. Fratura exposta, todo mundo viu a tragédia que foi o nosso fim. Não digo que você foi de todo o mal, afinal, a minha felicidade era sincera, era completa. Nosso romance sempre foi metade. Metade minha. Amor meu. Você era o meu amor, agora você é o amor dela. E ela é o que eu nunca fui. Amor seu. Não digo que seja saudade, tão pouco sofrer, mas penso que o seu bem começou juntamente com o meu mal. Eu estava esperando você e esperei até pouco tempo atrás. Esqueceu de mim nos braços dela. Por falar em braços, não pense que seja dor de cotuvelo. Era, não é mais. Não me pergunte o porque de tudo isso agora, nem lamento é. Olhei pela minha janela as folhas que formavam quase um tapete no asfalto e me dei conta da inconstância da vida, sem medo de parecer louca. Louca fui quando contigo insisti. Passou e se eu me esfroçar, no fundo encontro o vazio que você deixou. Abandonou o lugar que em mim tinha mas deixou a luz acessa. Sabe como é, a conta ficou muito cara e tive que suspender. Ainda existe o seu cantinho, mas a escuridão, a poeira, o silêncio e a melancolia predominam. Tentar não deixar você ir é viver mal assombrada. Vai. Voa. Faz do ninho dela tua nova morada e deixa meu coração livre para novamente amar. Não foi fácil gravetinho por gravetinho reconstruir-me, e chocar o nosso amor em vão foi frustrante. O ovo realmente ficou entalado. Olha, mas agora ele se quebra. Renascimento. É oco e este novo espaço transformo no que quiser. Não volta, nunca mais. Nem para explicar o que não tem explicação. Apenas me evite e me deixe saber o quão viva em você estou. Alimente-a com a sua minhoca, e alimente meu novo eu com o fantasma do que nunca chegou a ser. Não digo que seja vontade de voltar. É apenas vontade de te marcar como um boi e deixar doer em ti, pouco que seja, o que em mim foi suplício e fazer valer a pena tantas coisas que eu achei que haviam se perdido. É apenas vontade de te esquecer mas de ser lembrada. Vontade de incomodar.
Beijocas :*
Avante.
Há 11 anos
3 comentários:
faz um tempinho que eu num apareço aqui.. adorei o post. e o blog tava muito legal..
CONVITE
1º aniversário do Pirulito no Palito
A festa tem retrospectiva, selo do blog pra você, entrevista e lay de cara nova!
passa lá e comemore conosco!
Sofia
(http://pirulito-no-palito.blogspot.com/)
Nossa, adoreei demais o post! babei" "vontade de incomodar" perfeito
voce descreve, de maneira esplendida. O que a maioria das mulheres escondem com medo de ser chamadas de louca, adorei !
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